O secretário-geral da Câmara de Comércio e Indústria Angola/Índia dia diz que a Índia tem capacidade e pode tornar-se no maior parceiroestratégico de Angola na Ásia. Caetano Capitão aflora e aponta os caminhos para uma cooperação sólida entre os dois países.
Que opinião tem da economia do País, que atravessa momentos difíceis?
É um período desafiante, que exige não só uma liderança empresarial forte e aberta na linha dos 360 graus. Temos de perceber e adaptarmo-nos às várias nuances do negócio do mercado angolano. O actual momento exige criatividade e empenho no estabelecimento de iniciativas mais participativas e de integração, a fim de minorar os efeitos da crise. É importante, nesta altura, a criação de blocos empresariais, que possam ajudar o colectivo a atingir os objectivos comerciais ou de investimento.
Penso que a nossa diplomacia económica tem de ser mais proactiva, para que os angolanos sejam reconhecidos na base se um novo paradigma de um mercado estável e promissor, com vista a atracção de novos investimentos.
Qual é o estado actual das relações económicas Angola-Índia?
As relações comerciais entre Angola e a República da Índia são boas e estáveis e sobretudo promissoras. Estamos numa fase de descobrimento, em que a Índia começa a perceber e a conhecer o ambiente de negócios em Angola. Os dois países estão na fase da percepção das potencialidades de ambos de cada um, a fim de se definir o que um país pode oferecer ao outro. Há boas perspectivas e vontade do dois Governos, principalmente da componente empresarial que manifestam grande interesse em incrementar os contactos de ambas as partes, com vista à formação de parcerias e de investimentos mútuos que tragam vantagens competitivas.
Como se encontra a balança comercial entre os dois países?
A balança comercial anda a volta dos 4,5 milhões USD, segundo dados de 2018. Com efeito, a Índia importa de Angola bens na ordem dos 4,3 milhões USD e os angolanos, por sua vez, importam daquele País asiático produção e bens avaliados em 235 mil USD. A grande referência nas importações da Índia tem que ver com o petróleo. Por seu lado, Angola importa sobretudo instrumentos e insumos agrícolas, nomeadamente tractores, fertilizantes, sementes e alguma maquinaria para o sector industrial, na linha de processamento agroindustrial.
Há também a importação de arroz, pois grande parte deste produto consumido em Angola vem da Índia, assim de medicamentos e equipamentos hospitalar.
Qual é o interesse do empresariado indiano em investir em áreas como como agricultura, infra-estrutura, educação, transporte e finanças?
A Índia é muito forte no sector agrícola e há um grande interesse daquele País em investir no agronegócio. É um País com grandes potencialidades na componente da agricultura, que é um dos seus motores de desenvolvimento. Na Índia se pode encontrar de A a Z as várias peças que compõem o sector agrário com capacidade de exportação, quer seja na vertente do capital humano e assistência técnica. No âmbito do investimento, existe algum interesse de empresários indianos, que querem identificar parcelas de terra para a promoção da cultura de cereais, leguminosas e outros produtos do campo, pois o índice populacional da Índia obriga a olhar para outros mercados em busca de novas oportunidades de negócios, produzindo no exterior para depois exportar para o seu País. O sector dos transportes é também um forte da índia, que pode ser aproveitado por Angola, na questão dos transportes públicos de passageiro, como no sector ferroviário.
E o que a Câmara de Comércio Angola-Índia tem feito para fortalecer as relações comerciais entre os dois países neste sector?
Nós como câmara contamos poder promover as potencialidades dos dois países para que haja algum intercâmbio neste sector, quer seja a nível da assistência técnica, bem como no fornecimento de equipamentos.
Olhando também para a realidade do nosso transporte rodoviário, fundamentalmente nas zonas rurais do País, a Índia tem soluções em termos de autocarros, camionetas robustas, fabricados localmente, que podem sempre ajudar no transporte de mercadorias a nível do campo para a cidade e vice-versa.
E em relação aos demais sectores ...
Pretendemos elevar o nome de Angola na Índia e daquele país em Angola. Neste aspecto estamos a trabalhar directamente com as embaixadas dos respectivos países e vamos procurar trazer missões comerciais e empresariais para Angola, com alguma regularidade e também o inverso. Ou seja, pretendemos trabalhar com as autoridades nacionais para que missões empresariais possam deslocar-se à Índia nos sectores da agricultura e agroindústria para beberem da experiência daquele país e o sector das telecomunicações e Tecnologias de informação, onde a Índia tem grandes soluções. Neste sector a Índia também tem soluções de A a Z, desde equipamento, assistência técnica, formação entre outros.
O sector espacial pode ser uma fonte se cooperação, uma vez que Angola esta a dar os seus primeiros passos nessa matéria, enquanto a Índia já possui largos anos de experiência e tem enviado satélites para o espaço com regularidade e está disposta a ajudar o nosso País.
Falou da intenção de trazer e levar missões e empresariais para cada um dos países. O que é que está reservado para este ano?
Para este ano temos reservado no mínimo cinco missões empresariais indianas para Angola e esperamos igualmente organizar uma missão angolana para a Índia. Consta do nosso plano de acção a participação da Índia na Filda, no sentido de expor algumas das suas potencialidades ao mercado angolano. Pretendemos também atrair muitos fornecedores de bens de produtos angolanos para a Índia. Para o próximo mês de Abril está previsto a visita de uma missão empresarial indiana em Angola
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